quarta-feira, 26 de agosto de 2009

FOI BOM, VALEU ADEUS... - PARTE II


Não resisti, e retomando sobre como finalizar relações, resolvi falar de Sophie Calle, artista plástica francesa que, em 24 de abril de 2004, recebeu por e-mail um carta de rompimento do então namorado o escritor Grégoire Bouillier. A resposta dela não foi por e-mail, transformou-se na exposição CUIDE DE VOCÊ, que pode ser vista até 07 /09 em São Paulo e do dia 22/09 a 22/11/09 em Salvador. A exposição é baseada na interpretação de 105 mulheres sobre o e-mail de seu ex.

Grégoire Boullier escreveu o livro O CONVIDADO SURPRESA, e dedicou à Sophie. O título do livro remete-se a festa de aniversário promovida por Sophie , já que todos os anos ao comemorar seu aniversário, Sophie convidava o numero de pessoas equivalente a idade que estivesse completando, sendo que um dos convidados deveria ser surpresa, ou seja, um desconhecido levado à festa por algum outro convidado. Em uma dessas festas, o convidado surpresa foi Grégoire. Os dois encontraram-se em uma mesa de debate na FLIP desde ano.

Para quem estiver interessado em ler o e-mail, está trancrito abaixo. Tirem suas próprias conclusões:

Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último e-mail. Ao mesmo tempo, me pareceria melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer de viva voz. Mas pelo menos será por escrito.
Como você pôde ver, não tenho estado bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência . Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para tentar superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a "quarta". Eu mantive o meu compromisso: há meses deixei de ver as "outras", não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas.
Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar outros horizontes e me impede de ser tranquilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e "generoso", se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. Achei que a escrita seria um remédio, que meu "desassossego" se dissolveria nela para encontrar você.
Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei a procurar as "outras". E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando. Jamais menti para você e não é agora que vou começar.
Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta (já que você ainda vê B., R.,?) e compreensível (obviamente?); com isso, jamais poderia me tornar seu amigo.
Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante da sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de apreender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita. Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá.
Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.
Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.
Cuide de você.


4 comentários:

  1. Eu daria um dedinho do pé esquerdo pra ter assistido àquela mesa na FLIP. A propósito, onde a gente tava com a cabeça que não comprou o ingresso?

    Todo fim é doído, ainda mais quando o outro se mostra tão impessoal. Acho que o que é pior numa despedida são os elogios. Pq são sempre seguidos de um "mas..."

    A Sophie teve coragem e admiro isso. Mas no lugar dele eu ficaria puto. :P

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  2. "Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá..."

    Essa é uma situação que aminha imaturidade emocional nunca alcançou..como posso continuar amando aquela pessoa da qual me separei..como posso preferir me separar, sem ir até o ultimo suspiro desesperado de continuar ao lado de quem amo..para mim, é inconciliável amor e separação.. se há separação, é porque não existe mais amor, pode existir outro tipo de afeto, amizade, mas não amor..

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  3. É difícil julgar sentimentos...aliás, impossível fazê-lo...o máximo que conseguimos é julgar atitudes, mas caímos em um erro terrível que é não ter imparcialidade. Como podemos interpretar os atos de alguém se a referência que temos somos nós mesmos? Pensamos "eu faria isso ou não faria aquilo". Ou ainda, ouvimos as pessoas dizerem: isso é amor, aquilo é amizade, dentre outros conceitos subjetivos e na maioria das vezes errôneos baseados nas próprias experiências...não sei definir o que é amor e nem pretendo fazê-lo...mas concordo em um ponto com o comentário anterior...não admito renúncias carregadas de amor como as pessoas dizem existir...

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  4. Nessa, esse mau caráter realmente soube dizer um adeus neh? Mas a Sophie soube dar o troco e tirar proveito da situação. Ela mostrou-se mais esperta que ele. Resumindo: mérito e sucesso pra ela. Heheheh.

    Bjs
    Bruno
    =))

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