Li que saudade sentimos do
que foi muito bom e também já li que sentimos
uma certa frustração se não vivemos o que sempre tivemos vontade , então
pensei e decidi que tinha que criar uma forma de viver tudo que queria.
E então por umas quatro vezes
saímos pra jantar, e em todas as vezes, sem exceção, foram duas garrafas de
Carbenet Sauvignon. Teus olhos castanhos tinham um brilho nesses dias que nunca
descobri se eram efeitos do álcool ou se era efeito das nossas risadas e
confidencias. Em noites como essas saiamos leves, e sempre nos beijávamos numa
parede mais escura , trocávamos um sorriso bobo e corríamos para o quarto e ali
éramos dois amantes ávidos de vida.
Mas também por umas sete
vezes saímos pra farrear, ahhh nesses dias nossos sotaques se misturavam, eram
excessos de “s” e de “x” , eram muitas stellas, e muita musica. Em sete
baladinhas, fomos do rock ao funk, do samba a bossa nova, das gargalhadas aos
beijos mais intensos. Nessas noites amanhecíamos na rua, chegando certa vez a
passar em uma padaria antes de entrar no quarto. No pos noite de farra a libido era conduzida pela química, pelo tesão,
pelo desejo. Eramos dois adolescentes, dois bichos, duas almas sedentas.
Por umas duas vezes viajamos,
final de semana rápido,e uma vez, após insistir muito, te convenci a ir pra uma praia mais
tranqüila, ahhh nesse final de semana éramos praticamente os únicos habitantes
do planeta, eu fritava no sol e tu aproveitavas na sombra. Ficamos ate
o sol ir embora, aonde , nessa altura, já estávamos praticamente empanados de
tanto se abraçar sem nenhuma testemunha. Voltamos e mergulhamos em uma
banheira. E nesse dia lavei tuas costas
enquanto me contavas tuas historias.
A outra viagem passamos uns dois dias rápidos
num interior em que ficamos mais tempo deitados na cama do que outra coisa, mas
andamos muito pela cidade, aonde comemos o melhor peixe do mundo, discutimos
sobre o titulo do teu livro e foi a única vez que após brincarmos muito,
ficamos em silencio, abraçados e pegamos no sono sem falar nada.Sono tranquilo e cumplice.
Já vivi muita coisa contigo,
pelo menos as criei, foi a forma que desenvolvi pra dar a essa historia o que ela mereceria se nao fosse esse momento em que vivemos e ainda assim sentir
saudade de cada momento desse como se tivesse realmente ocorrido. Loucura? Pra
uns sim. Pra mim não. Se o coração é terra sem lei, a imaginação, os sonhos,
delírios são livres, ilimitados.
Obrigada por ter nascido. Obrigada por
despertares em mim o que tenho de melhor. Obrigado por seres quem es tanto no
que vivemos, quanto no que fostes nos “ quatro jantares, nas sete baladas e nas
duas viagens”. Quantas vezes eu ainda
tiver de reencarnar vou pedir pra deus pra tropeçar na tua vida e tentar fazer
dela algo melhor.