Domingo passado uma amiga perguntou se me arrependo de ter vivido uma história até o final, ou melhor de ter esgotado todo o sentimento, sem deixar nenhuma dúvida sobre o fato do mesmo ter acabado. Perguntou se eu faria tudo de novo, se viveria novamente num constante vai e volta, num constante
ioiô.
Por ser assumidamente intensa, insistente e impulsiva, sempre revirei o sentimento bem como o relacionamento. Nunca consegui viver com a sensação de " amor mal resolvido", me incomoda a idéia de algo inacabado, e pior, não consigo seguir em paz enquanto não resolver a situação, já que prefiro tirar alguém da minha vida, que não não seja quando estou com raiva dela, mas quando tenho certeza que sei viver sem ela.
Como diria uma amiga que Papai do Céu resolveu levar antes da hora: acordo arrependida, mas não durmo com vontade. Entretanto, é lógico que isso tem um preço que pode ser alto demais.
Cada vez que perdoamos alguém, ou somos perdoados, cada volta após uma briga, um término, vai um pouco da gente, todo recomeço pode trazer novas esperanças, neste caso, pode até ter esperanças, mas, honestamente, enquanto vamos insistindo, um pouco do respeito que sentimos vai se desgastando e o relacionamento vai morrendo devagar, aos poucos.
Claro que cada vez que retornava, vivia a magia de estar ao lado de quem amava, retornar nessa situação é como renascer e voltar a acreditar que dessa vez prevalecerá o sentimento que une pessoas muitas vezes tão diferentes, e é muito bom estar com quem já dividimos momentos felizes e gostamos, mas , como falei, o preço pode ser muito alto. Você acaba , muitas vezes, ouvindo, vendo , passando por situações que não precisa, e o maior desgaste acaba nem sendo só o do sentimento ou do relacionamento, é o desgaste pessoal mesmo. Li uma expressão dias desses que caberia aqui perfeitamente: ficamos com ressaca emocional.
Agora apesar do preço ser alto, nunca me matou, me modificou ( mais até do que gostaria), me atormentou , me fez repensar inclusive sobre a forma de ver a vida, portanto foi válido, e como em qualquer erro, decepção, me ensinou algumas lições.
As vezes sinto que todas as histórias que espremi até a última gota já haviam terminado bem antes, e que muitas vezes meu limite foi ultrapassado, me maltratando e, como falei acima, não havia necessidade de ter passado por algumas situações. Me questiono, inclusive, se o que me impulsionava a insistir em viver até o fim algo que já não me fazia tão feliz e nem tinha mais o respeito como base ( sim, algumas histórias desgastam inclusive seus pilares), era o amor, o orgulho ferido, vaidade, comodidade, medo do novo, ou tudo isso junto e misturado.
Respondi pra minha amiga que não tinha certeza se faria novamente, respondi em nome mais do que perdi do que ganhei, porém me conheço e sei que provavelmente faria sim tudo de novo, não que acredite que seria diferente ou que valeria a pena, mas por conhecer minha natureza e saber que não conseguiria seguir sem a idéia de página virada. E isso me dá inveja dos que conseguem largar com um pouco menos de dificuldade o que já não os faz tão completos.