terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

ACONTECE POR AÍ - VI


Ela: Nossa, quero mais horas no meu dia: me inscrevi num cursinho, voltei a estudar francês, vou me inscrever no mestrado, semana que vem começa o curso de fotografia, tenho que mudar a hora da corrida senão chego atrasada no trabalho....

Ele: Não esquece de arrumar um tempo pra eu te dar uns beijos bem demorados....

Ela: Eu tenho pressa e tanta coisa me interessa, mas nada tanto assim... ( Cheia de sorrisos e correndo para seus braços),

DO AMOR QUE ESCONDE O ÓDIO



Sempre disparei em defesa de que amor e ódio caminham um ao lado do outro, mas assumo que nunca havia pensado neste assunto pela vertente que li semanas trás no blog de Fabrício Carpinejar, no texto de nome "Doeu!", postado em 2/2/2010.
Segundo o autor do texto, sentimos amor e ódio concomitantemente, porém não ousamos expor esse último sentimento provavelmente com a idéia de que agindo desta forma,  estaremos evitando pequenos estragos diários nas nossas relações,
Fiquei pensando nisso, e percebi o quanto já segurei, fiz que não ouvi ou vi situações que não só me causavam repulsa como me davam vontade instantânea  e não duradoura de acabar com a vida do outro. Ocorre que ao me segurar evitando discurssões (bobas???), ou quem sabe com medo de parecer neurótica, ia dando espaço para que todos esses sentimentos reprimidos um dia se tornassem insuportáveis dentro de mim, e pronto, estourava na ocasião mais banal, como se ela fosse a gota d´água, e então, não só estragava o momento, como muitas vezes a relação como um todo, já que acabava por potencializar o que escondia de mim mesma, e já me causavam um certo cansaço.
Imagino que para alguns aceitar o fato de que sente momentaneamente òdio pelo outro é  ir de encontro com o amor que nutre, mas é só parar pra pensar um pouquinho, quantas coisas ( pequenas ou não) o outro fez que você só tolerou porque era ele, e ainda sim, aceitou com uma vontade imensa de não aceitar?
Resolvi repensar alguns conceitos, e quem sabe começar a assumir que odeio algumas atitudes dos que amo, e ao invés de esconde-lo quem sabe declará-lo tambm.Vou tentar.

Link do blog: http://carpinejar.blogspot.com/

OBS: O dono do blog e autor do texto, tem uma namorada que resolveu declarar seu ódio e amor por ele através de histórias e ilustrações fantásticas no blog: http://matandocarpinejar.blogspot.com/

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

FELINOS


                                                                 Arisco em momento de namoro

Já comentei em post anterior do quanto me apaixonei pelo Arisco ( haryscow, rs) , meu gato de estimação. Essa semana tomei conhecimento de um texto da Marta Medeiros ( postado em seu blog em 12 de fevereiro de 2010) de nome Aristogatos, que só confirma o que também descobri com a convivência com os felinos. No mais, após a leitura do texto comecei a me perguntar se além de alma felina, eu também me atraia por homens com essas mesmas caracteristicas. Provavelmente sim.

Segue o texto:

ARISTOGATOS

Nunca imaginei ter um bicho de estimação por uma questão de ordem prática: moro em apartamento, sempre morei. E se morasse em casa, escolheria um cachorro. Logo, nunca considerei a hipótese de ter um gato, fosse no térreo ou no décimo andar. Quando me falavam em gato, eu recorria a todos os chavões pra encerrar o assunto: gato é um animal frio, não interage, a troco de quê ter um enfeite de quatro patas circulando pela casa?

Hoje, dona apaixonada de um gato de 5 meses (e morando no décimo andar), já consigo responder essa pergunta pegando emprestada uma frase de um tal Wesley Bates: "Não há necessidade de esculturas numa casa onde vive um gato". Boa, Wesley, seja você quem for. Gato é a manifestação soberana da elegância, é uma obra de arte em movimento. E se levarmos em consideração que a elegância anda perdendo de 10 x 0 para a vulgaridade, está aí um bom motivo para ter um bichano aninhado entre as almofadas.

Só que encasquetei de buscar argumentos ainda mais conclusivos. Por que, afinal, eu me encantei de tal modo por um felino? Comecei a ler outras frases irônicas e aparentemente pouco elogiosas. Mark Twain disse que gatos são inteligentes: aprendem qualquer crime com facilidade. Francis Galton disse que o gato é antissocial. Rob Kopack disse que se eles pudessem falar, mentiriam para nós. Saki disse que o gato é doméstico só até onde convém aos seus interesses. Estava explicado por que gamei: qual a mulher que não tem uma quedinha por cafajestes?

Ser dona de um cachorro deve ser sensacional. Lealdade, companheirismo, reciprocidade, eu sei, eu sei, eu vi o filme do Marley. Cão é boa gente. Só que o meu cachorro preferido no cinema nunca foi da estirpe de um Marley. Era o Vagabundo, sabe aquele do desenho animado? O que reparte com a Dama um fio de macarrão, ambos mastigam, um de cada lado, e mastigam, mastigam até que (suspiro... a emoção impede que eu continue). Eu trocaria todos os príncipes loiros e bem comportados da Branca de Neve e da Cinderela pelo livre e irreverente Vagabundo, que foi o personagem fetiche da minha infância. E lembrando dele agora, consigo entender a razão: aquele malandro tinha alma de gato.

Imagino que, com essa crônica, eu esteja revelando o lado menos nobre do meu ser. Pareço tão sensata, tão bem resolvida, tão madura - quá! - tenho outra por dentro. Que vergonha. Levei mais de 40 anos para me dar conta de que não faço questão de uma criatura que me siga, que me agrade, que me idolatre, que me atenda imediatamente ao ser chamado, que me convide pra passear com ele todo dia. Sendo charmoso, na dele e possuindo ao menos alguma condescendência comigo, tem jogo.

Cristo, um simples gato me fez descobrir que sou mulher de bandido.

Martha Medeiros

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

ACONTECE POR AÌ -V

Casaram-se após anos de namoro. Era carnaval, tanto que o padre teve que que interromper a cerimônia enquanto um "bloco de rua" desfilava em frente a igreja.Foram felizes, realizaram sonhos juntos ou apoiaram o do outro. Contruíram casa, família, derrubaram dificuldades. Algumas décadas depois, coincidentemente ou não, num carnaval, a noticia veio devastadora, não podiam mais dividir o mesmo quarto, a mesma cama,  nem fazer mais planos juntos. Não haviam mais máscaras, nem fantasias, só conseguiam ouvir, bem baixinho, e de longe,  a antiga musíca de Vinicius e Carlos Lira : " Acabou nosso carnaval..."

AFINIDADE X TEMPO

Amigos vamos colecionando pela vida, compartilhamos momentos felizes e outros nem tanto. Alguns dividem com a gente momentos, fases em que sonhamos  mais do que podemos realizar como os amigos de infância, amigos de faculdade. Com o passar tempo infelizmente vamos perdendo o contado diário com eles, trabalho, familia, novos rumos, e então lá se vão meses, anos sem contato com aquelas pessoas.
Amigos não esquecemos, mesmo os que não continuam no convívio cotidiano, continuam fazendo parte de nossas vidas, nem que sejam nas lembraças boas.
Já tive amigos que eram como irmãos  para mim, tanto no colégio, quanto na faculdade,e eventualmente quando os encontro trocaramos abraços, sorrisos, e a famosa frase do " vamos marcar de nos encontarmos para pôr os asuntos em dia..", dia esse que nunca vem. Não vem não porque não gostariamos de revê-los,  mas talvez por criarmos dificuldades, talvez porque simplesmente  é dificil sair da rotina. Mas decididamente não foi porque deixamos de gostar dos mesmos.
A grande questão talvez seja que com o tempo as afinidades foram se perdendo, afinal não somos os mesmos ( graças a Deus... rs) de anos atras, evoluimos ( ou não), mudamos de prioridades, nos encontramos e nos perdemos dentro de nós mesmos, que muitas vezes, aquelas pessoas não deixaram de ser legais, ou especiais, só não temos mais os mesmo interesses .
Mas também, há os que passamos anos sem reencontra-los, e quando os vemos, surpresa é como se no dia anterior  estivessemos  vivendo alguma aventura por aí. Nesses ultimos meses revi amigas que não via há 12 anos, há uns 5 anos e por aí vai. Foi bom perceber que mesmo após tanto tempo ainda temos assuntos para noites inteiras e que mesmo com a distância temos a mesma afinidade do colégio ou da faculdade.






sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Peça apenas o que suporta


Só tenho um comentário a fazer: "CUIDADO COM O QUE VOCÊ PEDE, POIS PODE ACONTECER". Hoje preciso reler Martha Medeiros e ouvir Inclemência.

"Pior do que a voz que cala é um silêncio que fala.
Simples, rápido!E quanta força!
Imediatamente me veio a cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e.mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.
Silêncios que falam sobre desisteresse,esquecimento, recusa.
Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão.
O perdão não vem, nenhum beijo, nenhuma gargalhada para acabar com o clima de tensão.
Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim.
è mil vezez preferível uma voz que diga coisas que a genet não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento.
Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expoem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados. Qunado nada é dito, nada fica combinado.
Quantas vezes numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: " Diz alguma coisa, mas não fica aí parado me olhando"
È o silêncio de um  mandando más notícias para o desespero do outro.
E claro que há muitas em que o silêncio é bem vindo. Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. para a professora de uma creche o silêncio é um presente. Para os seguranças de um show de rock, o silêncio é um sonho Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz.
O ùnico silêncio que pertuba é aquele que fala. E fala alto."
( A voz do silêncio - Marta Medeiros)



"Pensei que haveria um pouco mais de amor para mim
Guardei cada luar, cada verso encoberto nas notas da canção
Pra que se um vazio me esperava e eu não percebi
Devolve meus dias, minha alegria,
Diz nos meus olhos verdades ruins
Que não foi bom rimar cada carinho que eu fiz
Que a minha voz cantada nem soa tão bem
Que nossos sonhos foram pesadelos
Enfim, mas pelo menos fala pra mim
Esse silêncio é que me atordoa
Se foi tudo á toa volta e me deixa
me recolho, volto ao meu mundo
O que é só meu tem que voltar para mim
Me lembro quando você passou
Era um dia tão claro de sol
Pensei: meu Deus, é um sonho
Meu coração feito louco batuque
Por isso agora não me machuque
Vou te guardar como triste lembrança
Ninguem jamais vai me enganar outra vez
Eu prometo à vocês"
( Inclemência -Zelia Duncan)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

DAS VIAGENS NÃO PLANEJADAS

                                   Momento Ilheus: praia, cerveja, pôr-do-sol,boa leitura

Tenho um amigo que sempre repete uma frase: "Quer fazer Deus rir? Faça planos." Acho que ele tem razão.Estava com passagem comprada e hospedagem  para embarcar numa viagem que parecia um sonho e semanas antes, por motivos que não vem ao caso , mudei as passagens e fui conhecer o sul da Bahia.Foi uma viagem bem diferente da que eu havia programado, e por ter sido tão inesperada, foi uma das  viagem em que me redescobri em inumeros aspectos . Ilheus é linda, com toda a história do cacau, Barra Grande  além de ser um paraíso natural é o paraíso dos solteiros ( atestado pela revista da Gol, pela revista Nova e por mim mesma), a penísula de Marahú como um todo é um sonho. Mas foi uma viagem de reflexão. Me permiti nesta viagem viver minhas dúvidas, repensá-las, e até decidir o que poderia se transformar em certeza ou não, e principalmente refletindo de frente para o mar baiano ( mágico). Descobri que que as vezes é bom ter planos desfeitos, viver as supresas que a vida nos oferece, viver o inesperado.



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010



Estava em Barra Grande -Ba, sentada numa mesa de barzinho ouvindo boa musica com os amigos,  quando pediram para que tocassem a musica Adão negro do grupo de mesmo nome. Desconhecia tanto o grupo, quanto á musica. Então, quando o musico começou a cantá-la senti como se um soco bem pesado chegasse em meu estômago, a letra da musica foi me revirando, revelando sentimentos, preconceitos que o Brasil ainda nutre e tenta disfarçar. Foi nascendo uma revolta e nojo, ao mesmo tempo uma felicidade  por alguem estar  expondo de forma artistica um preconceito racial enraizado culturalmente, e que precisa sim ser discutido,  para quem sabe um dia as pessoas percebam que conservar atitudes e sentimentos miseraveis como esse ,só contribuem para o subdesenvolvimento pessoal e cultural ( E por que não do país?). Gostei, muito, tanto que comprei um CD do grupo. Segue abaixo a letra da musica.

"Adão negro
Composição: artur cardoso
 
Chá, chá lá lá lá lá lá
Chá lá lá lá lá lá lá lá
Chá lá lá lá lá lá lá

A apartheid disfarçado todo dia
Quando me olho não me vejo na TV
Quando me vejo estou sempre na cozinha
Ou na favela submissa ao poder
Já fui mucama mais agora sou neguinha
Minha pretinha nós gostamos de você
Levanta saia, saia correndo para quarto
Na madrugada patrãozinho quer te ver oioi

Chá lá lá lá lá lá
Chá lá lá lá lá lá lá lá
Chá lá lá lá lá lá lá

Será que um dia eu serei a patroa
Sonho que um dia isso possa acontecer
Ficar na sala não ir mais para a cozinha
Agora digo o que vejo na TV

Um som negro
Um Deus negro
Um Adão negro
Um negro no poder

Um som negro
Um deus negro
Um Adão negro
Um negro no poder
Likareggae"

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

AS MÁSCARAS NOTURNAS



Acho que é Martha Medeiros em um de seus textos que afirma que boate é lugar de gente triste. Somado a isso, lembrei de um amigo que trabalha há anos com organização de festas em que afirmava que a noite era uma grande peça teatral. Não estou cuspindo num prato que já comi tanto, e que vez ou outra ainda dou umas garfadas, mas concordo com ambos.
A intenção de uma programação noturna  deveria ser se divertir, mas será que  essa diversão é aquela que realmente alimenta a alma ou é aquela que esconde suas misérias ?
A maioria que está na noite está a procura é de conhecer alguém , passar a noite com essa pessoa, ou de simplesmente beijar na boca. O que tem de errado nisso? Nada. Absolutamente nada. Se estivermos interessados, não há porque não se submeter a esse jogo. Mas é só isso que realmente os baladeiros querem ou é o que querem que o mundo acredite?
Quantos estão lá sorrindo, virando copos de bebida alcólica, dançando como se o mundo fosse acabar, e no fundo estão destruídos por dentro? Quantos estão lá cansados de suas proprias vidas, cansados de estarem ali inclusive, de finais de semanas repetidos, cansados da solidão ou se refazendo de uma ressaca amorosa? E quantos estão lá na esperança que seus principes ou princesas apareçam ao som de Lady Gaga?
Ninguem sabe quem é quem na noite. Talvez por isso algumas pessoas digam que dificilmente conhecemos alguem realmente interessante na noite, já que de uma certa forma somos como fraudes naquele instante, somos só uma parte do que gostariamos de ser. Na "balada" somos todos 100% felizes, não temos problemas, e isso tem até seu mérito, mas não tem como fugirmos da realidade sempre.
Sei que há os que vão para a programação noturna para curtir os amigos, as companhias, os que vão com o coração limpo e alma tranquila, mas são raros  e incompreendidos. Perdi a conta de quantas pessoas ficaram indignadas quando ouviram que "seu alvo" não estava em determinado ambiente pra beijar alguem  , e sim para curtir os amigos, e acreditem não era uma nova espécie de fora, era  a verdade. Parece que somos todos obrigados a participar dessa caçada noturna, obrigados a ficar com alguem, senão não seremos felizes.  ( risos para esse conceito de felicidade...)
Como diria uma amiga, a noite, uma boate, é terra de pessoas sem rostos. Olhamos, gostamos, conversamos, beijamos e etc..., mas dificilmente ali conhecemos de fato alguem, dificilmente encontraremos as  pessoas sem suas máscaras. E ainda sim, há quem se permita julgá-los. E pensar que eu conheço essa vida noturna há mais de dez anos....