terça-feira, 27 de outubro de 2009

M.C. Escher.

Dias desses uma amiga minha me perguntou de cara, sem tempo para pensar em nada se eu sabia o que queria da vida. Olhei para ela, e mesmo com medo do que iria respoder, falei, rápido e honestamente um não, não sei.
 Imagino milhares de pessoas horrorizadas se perguntando como alguém de trinta anos não tem ideia do que quer da vida. Eu mesma fiquei depois pensando na minha resposta, e algo em mim me dizia que claro que eu deveria saber o que queria da vida, ter um objetivo, lutar por ele e pronto, mas depois dei um sorriso. Eu não tenho um objetivo, tenho vários. Não quero uma coisa da vida, quero várias. E não vou me sentir culpada por isso.
Quantas pessoas são realmente o que gostariam de ser? Quantas pessoas realmente viveram seus sonhos, ou pelo menos parte deles? Quantas pessoas não sabem o que querem, e se mascaram em cotidianos e sorrisos que escondem frustação (quando escondem...) Se a vida não deu muitas oportunidades, devemos criá-las, se não soubemos aproveitá-las, vamos assumir a inexperiência?
Insisto, temos a vida que escolhemos ter. Já ouvi milhares de vezes pessoas falando "quem me dera poder viajar, quem me dera isso ou aquilo..." Ora, quem disse que elas não podem, além delas mesmas?
Quando minha amiga me perguntou se eu sabia o que queria, imagino que deva ter falado que queria umas coisas bem diferentes umas das outras, talvez até incompatíveis, mas também não me sinto mal em assumir que não sou 100% uma coisa, sou mesmo um mosaico.
No fundo, comecei a acreditar que muitos decidiram esquecer algumas vontades (consideradas pouco convencionais) e assumir outras (consideradas mais convencionais). O que considero normal, assim como considero normal e corajoso quem segue o oposto. O que me faz rir são pessoas que continuam taxando de loucos quem resolve jogar tudo pro alto e recomeçar , ou não recomeçar, dar tempo para se conhecer, tempos que só os humanos são capazes de ter necessidade.
 Repito amiga, não, não tenho certeza de muitas coisas, sempre fui amante da dúvida, tenho medo de decidir algo como objetivo e quando ele acontecer eu perceber que me enganei, tenho medo de ficar presa em situações, pois sou inconstante o suficiente para me enjoar delas. Mas sigo meu coração e sou leal aos meus sentimentos e desejos mesmo os repentinos. Tenho uma cabeça dura e quando quero algo vou lutar até o fim, sem medo algum de me expor. A única certeza que tenho é que quero ser feliz, e  se um dia descobrir que seria capaz de abandonar uma vida pra dar lugar a uma outra, farei isso, por enquanto quero continuar conciliando a minha fome de mundo com a vida de escritório.

Obs.: A minha amiga também não sabe o que quer da vida. :-)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

VI MOSTRA CURTA PARÁ CINE BRASIL



Quando li no jornal esta semana que em Belém estaria acontecendo a VI Mostra Curta Pará Cine Brasil, chamei logo uma grande amiga e nos dirigimos ao Cine Olympia( cinema mais antigo do Brasil, construido ainda na época da Belle Èpoque  e atualmente tombado pela Prefeitura). A oportunidade dessa atualização do que está contecendo no cinema nacional é incrível. Assistimos quatro curtas, O Superbarroco, Minami em Close-up, Homens e Ana Beatriz, e o mais interessante, é que são Mostras Competitivas, ou seja, o público vota no Curta que mais gostou. Porém o que me deixou mais feliz ainda, foi o fato de ter asistido o curta de animação paraense " O rapto do peixe boi", com a presença de seu Diretor Cássio Tavenard,. A animação é com os mesmo personagens da Festa na Pororoca, e segundo o diretor vai virar série na TV Cultura de SP. È de se orgulhar.
O evento vai até domingo dia 25, com certeza irei assistir outros curtas e indico para qualquer pessoa que seja amante de cinema prestigiar a Mostra. Fiquei pensando em quem diz que em Belém não acontece nada, e não há nada de diferente. Certo que aqui não é nenhum centro repleto de novidades a cada  semana, mas honestamente, para quem procura fazer coisas diferentes, a nossa cidade já oferece , e os dias na mangueirosa só ficam iguais para os que são iguais nas suas escolhas de programação.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

AMIZADE





Domingo passado assisti a peça "Aonde está você agora? com Bruno Galhiasso e Thiago Martins. A peça tem alguns diálogos interessantes , mas talvez fosse gostar mais se eu tivesse assistido com uns 10 anos a menos. O mais importante foi o assunto abordado: Amizade.
Sempre repito uma frase, nunca fiz um amigo. Os reconheci. Reconheci afinidades, reconheci bons corações, e com certeza temperamentos fortissimos, como o meu.
Quem nunca teve um amigo mesmo, deve se questionar se é um bom amigo. Amigo é aquela pessoa que você admira, que gosta de dividir momentos, histórias, risos e choros. Tenho amigos de infãncia que nem sempre os vejo, mas quando nos reencontramos é como se tivessemos acabado de nos falar. Amigos encontramos ( reconhecemos) no trabalho, em salas de aula, em baladas,academia,  em todos os lugares.
Ao longo do caminho nos enganamos com alguns,  decepcionamos com outros tantos, mas nos encantamos por mais outros. Claro, há varias pessoas que chamamos de amigos, pessoas que ficamos felizes ao abraçar e sentimos que é  recíproco, mas há aqueles que por uma razão que vou chamar de encontro, sentimos como se fossem nossas almas gêmeas ( para quem acredita) , costumamos rotular de  amigos verdadeiros, e que infelizmente não cabem na palma de uma mâo.
Quando falo que existem amigos verdadeiros , estou falando daqueles que te conhecem pelo olhar, pelo tom de voz, que sabem até que atitude ou frase você empregaria em determinada situação. São aquele que te amam "apesar de" seus defeitos, suas manias loucas, suas inseguranças ou mau humor. E o melhor, sabem a hora e o jeito de te criticar, ou não. Te defendem quando te crucificam, e quando gostam de seu namorado(a), numa briga, vai sempre ficar do teu lado, e se você estiver completamente errado  pelo menos tenta achar uma forma de explicar porque ficou do teu lado. Na amizade há admiração mútua, respeito, e dias desses uma dessas amigas de alma me falou que só vamos saber se é amizade mesmo após uma briga. Se depois as pazes não acontecerem tao espontaneamente, pode ter certeza, não eram almas gemeas.
Só quem já reconheceu uma amigo/irmao sabe a importância e a felicidade que trazem, a segurança. È saber que tem alguem que está sempre lá. È saber onde dói no outro e então respeitar essa dor, è saber onde agrada para poder criar circunstancias para deixar o amigo feliz.Para mim é uma relação de amor, é um relacionamento que deve ser cuidadosamente trabalhado e alimentado como qualquer outro, só não te pede fidelidade, mas a lealdade tem que ser uma constante.
Sou agradecida á vida , me deu de presente conviver com pessoas maravilhosas que facilmente eu viveria, morreria por elas. São parte de mim, uma extensão de minhas insanidades, aventuras, de minha incostancia, e de tudo que tenho de bom no meu coração.

 Há um trecho de uma musica que lembra minha infãncia  e dedico aos meus amigos que sabem que são minha familia também:

" mas se é amigo não precisa mudar, é tão lindo, deixa assim como está que eu adoro, adoro, dificil é a gente explicar..."

domingo, 18 de outubro de 2009

A TAL DA INTIMIDADE

Após observar algumas pessoas próximas, situações mais próximas ainda, percebi o quanto a intimidade pode ser desastrosa.

Quando adquirimos intimidade com alguem, quando aprendemos a conhecer seus gestos , quando se tornam tão proximas da gente, é incrível como conseguimos saber que estado de espirito e estão, mesmo que elas neguem. As vezes somente o tom da voz já revela algum sentimento. O mais interessante é que as vezes só você percebe essa mudança, os outros não vêem essa diferença.

Podem chamar de intuição, vou denominar de intimidade. Mesmo por telefone somos capazes de reconhecer quando a outra pessoa está escondendo algo, mentindo, ou chateada.

Até pode ter seu lado positivo, mas estive pensando será que o que as entrelinhas que reconhecemos gostariamos mesmo que nos fossem reveladas, pior ainda, será que o que a outra está tentando ofuscar, gostaria que fosse questionada?

Com o tempo decidi uma coisa, que mesmo percebendo algo de diferente no outro, não devo questionar. Se a pessoa quiser falar algo que me conte, não vou instigar, ainda que desconfie que algo está errado. Decidi respeitar os limites dessa intimidade, e espero que respeitem a minha, e tudo o que quiser esconder atraves de palavras, ainda que estas sejam sem sentido algum.

Há uma frase que diz que " intimidade é uma merda", e pode até ser, mas será que vá feder menos ou incomodar se colocarmos limites?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

FÉ.

Esse final de semana aconteceu a maior festa dos Paraenses, o Cirio, festa católica em que reunem dois milhoes de pessoas. Não tem como descrever a festa, a emoção e fé presente nos rostos dos fiéis, a esperança, dor ou agradecimento através de cada lágrima. A corda, um sacrificio dificil de acreditar que alguem possa conseguir segurar.Não é só uma procissão, são várias, é o almoço tradicional, são as festas "profanas" que já fazem parte da programação, homenagem de todas as formas. Independente de quem acredite na Santa, em catolicismo ou religião, não tem como negar que aquele momento envolve uma magia. Não tem palavras para mensurar o amor dos paraenses por Nossa Senhora de Nazaré, talvez nem as imagens demonstrem a energia que envolvem esses dias. Ainda sim vou postar algumas, e já recarregada da proteção de Nossa Senhora, sigo mais leve e em paz.







sexta-feira, 9 de outubro de 2009

DESCONHECIDOS

Camila, Eu e Max.

Algumas vezes, cruzamos com algumas pessoas pela vida, e elas sem nenhuma pretensão, nos deixam algo, nos fazem refletir. Não estou falando de pessoas que convivemos por algum tempo, ou que aprendemos a chamar de amigas, estou falando daquelas que cruzamos uma vez na vida, numa fila, numa viagem, em um lugar qualquer e sabemos que há a possibilidade de nunca mais na vida as encontrarmos novamente.
Já ouvi que atraimos pessoas parecidas com a gente, ou que atraimos situações que nos demostrarão algo, mas, sem discutir sobre coincidências ou acaso, a vida surpreende com cada figura que nos apresenta.
Também admito que precisamos estar disponíveis para diálogos com desconhecidos, e toda vez que me propus sempre foi para somar. Em situações como essa costumo me calar ( o que é dificil pra mim, rs) e ouvir, tentar captar o outro.
Já me deparei com gente que reclamava de tudo, com aparência tão densa que parecia carregar o mundo em suas costas. Dessas pessoas não lembro nem mais o rosto, e só ratifiquei a idéia de que devemos ser sérios com o que deve ser sério, senão, nos tornamos chatos e acabamos por repelir os demais.
Muito comum encontrar aquelas pessoas que saem contando a vida delas pra gente, sem nenhum protocolo, muitas vezes escutamos histórias bem interessantes, normalmente de gente com muita força ou determinação, outras vezes histórias tristes, mas também com superação. Sempre observo as entrelinhas dessas histórias, são nos pequenos detalhes e comentários que constumamos entregar o que muitas vezes nem nós percebemos que existe.
Encontrei algumas que me marcaram de uma certa forma, que deixaram em mim questionamentos e uma certa leveza, como um tatuador num ônibus de Paraty para o Rio com uma história (prometo que depois comento sobre isso) que jamais imaginaria ouvir de alguém com uma profissão não tanto convencional (a humanidade e seus pré- conceitos...) . Cruzei meu caminho também com uma carinha que tinha rodado o mundo de mochila, totalmente viajado e cheio de histórias para contar. Conheci também uma hippie chamada Camila. Essa merece inclusive um desenvolvimento maior.
Camila conheci comprando um brinco dela em Jericoacoara, alto astral. Num passeio de bugue para Tatajuba ela pediu uma carona, pois ia pegar sua bicicleta para continuar rodando o país e passar pelo Pará ( forma inclusive que ela me chamava). Pessoa leve, nos animou o passeio inteiro, fez com que um momento muito legal se tornasse especial, foi um dia maravilhoso. Das muitas conversas que trocamos, embalados pela cerveja, dunas e praias do Ceará, me chamou atenção a alma livre que ela tinha ( comum entre os hippies) , sua loucura com algum sentido, se isso for possível, a justificativa de que ela não deve ficar parada num só lugar: não tinha filhos e nem era casada, aliás, sobre esse assunto, ela foi clara, não ia se casar com seu pretendente (no caso um estrangeiro), já que ainda faltava conhecer outros estados do Brasil.
Em um momento ela me intrigou, já que perguntou à pessoa que há quase três anos habita em meu mundo, o que faltava para estarmos casados. Como assim? Alguém que escolhe uma vida tão livre também ter seus momentos de ser presa a rótulos, conceitos? Nunca imaginei. Mas ela tem todo o direito de pensar como quer, e de mudar de opinião quando quiser, como qualquer outro. Falou que era formada e que pertencia a uma família de hippies. Cada vez mais me apaixono pelas diferenças. Não há moldes para o certo e o errado, há convenções e cabe a nós decidirmos se queremos segui-las ou não, e se não, não há motivos para sermos crucificados.
Ela não faz idéia do quanto foi especial aquele encontro. A probabilidade de reencontrá-la é quase zero, mas tenho certeza de que onde ela estiver vai estar sendo leve, e levando boas energias para o mundo e para as pessoas.
Que a vida me permita conhecer e conversar com muitos desconhecidos ainda.