sexta-feira, 9 de outubro de 2009

DESCONHECIDOS

Camila, Eu e Max.

Algumas vezes, cruzamos com algumas pessoas pela vida, e elas sem nenhuma pretensão, nos deixam algo, nos fazem refletir. Não estou falando de pessoas que convivemos por algum tempo, ou que aprendemos a chamar de amigas, estou falando daquelas que cruzamos uma vez na vida, numa fila, numa viagem, em um lugar qualquer e sabemos que há a possibilidade de nunca mais na vida as encontrarmos novamente.
Já ouvi que atraimos pessoas parecidas com a gente, ou que atraimos situações que nos demostrarão algo, mas, sem discutir sobre coincidências ou acaso, a vida surpreende com cada figura que nos apresenta.
Também admito que precisamos estar disponíveis para diálogos com desconhecidos, e toda vez que me propus sempre foi para somar. Em situações como essa costumo me calar ( o que é dificil pra mim, rs) e ouvir, tentar captar o outro.
Já me deparei com gente que reclamava de tudo, com aparência tão densa que parecia carregar o mundo em suas costas. Dessas pessoas não lembro nem mais o rosto, e só ratifiquei a idéia de que devemos ser sérios com o que deve ser sério, senão, nos tornamos chatos e acabamos por repelir os demais.
Muito comum encontrar aquelas pessoas que saem contando a vida delas pra gente, sem nenhum protocolo, muitas vezes escutamos histórias bem interessantes, normalmente de gente com muita força ou determinação, outras vezes histórias tristes, mas também com superação. Sempre observo as entrelinhas dessas histórias, são nos pequenos detalhes e comentários que constumamos entregar o que muitas vezes nem nós percebemos que existe.
Encontrei algumas que me marcaram de uma certa forma, que deixaram em mim questionamentos e uma certa leveza, como um tatuador num ônibus de Paraty para o Rio com uma história (prometo que depois comento sobre isso) que jamais imaginaria ouvir de alguém com uma profissão não tanto convencional (a humanidade e seus pré- conceitos...) . Cruzei meu caminho também com uma carinha que tinha rodado o mundo de mochila, totalmente viajado e cheio de histórias para contar. Conheci também uma hippie chamada Camila. Essa merece inclusive um desenvolvimento maior.
Camila conheci comprando um brinco dela em Jericoacoara, alto astral. Num passeio de bugue para Tatajuba ela pediu uma carona, pois ia pegar sua bicicleta para continuar rodando o país e passar pelo Pará ( forma inclusive que ela me chamava). Pessoa leve, nos animou o passeio inteiro, fez com que um momento muito legal se tornasse especial, foi um dia maravilhoso. Das muitas conversas que trocamos, embalados pela cerveja, dunas e praias do Ceará, me chamou atenção a alma livre que ela tinha ( comum entre os hippies) , sua loucura com algum sentido, se isso for possível, a justificativa de que ela não deve ficar parada num só lugar: não tinha filhos e nem era casada, aliás, sobre esse assunto, ela foi clara, não ia se casar com seu pretendente (no caso um estrangeiro), já que ainda faltava conhecer outros estados do Brasil.
Em um momento ela me intrigou, já que perguntou à pessoa que há quase três anos habita em meu mundo, o que faltava para estarmos casados. Como assim? Alguém que escolhe uma vida tão livre também ter seus momentos de ser presa a rótulos, conceitos? Nunca imaginei. Mas ela tem todo o direito de pensar como quer, e de mudar de opinião quando quiser, como qualquer outro. Falou que era formada e que pertencia a uma família de hippies. Cada vez mais me apaixono pelas diferenças. Não há moldes para o certo e o errado, há convenções e cabe a nós decidirmos se queremos segui-las ou não, e se não, não há motivos para sermos crucificados.
Ela não faz idéia do quanto foi especial aquele encontro. A probabilidade de reencontrá-la é quase zero, mas tenho certeza de que onde ela estiver vai estar sendo leve, e levando boas energias para o mundo e para as pessoas.
Que a vida me permita conhecer e conversar com muitos desconhecidos ainda.


Um comentário:

  1. Quando lembrei do tatuador, lembrei dele tentando ajudar a gente com a bagagem e dizendo, ofegante: - é, vcs se garantem mesmo! Kkkkkkkkkkkkkkk.

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